Este blog tem a finalidade de proporcionar o desfrute dos versos, ora falados, ora cantados, ora escritos, mas que ficarão para sempre inscritos em nossos corações!
Em atitudes e em ritmos fleumáticos, Erguendo as mãos em gestos recolhidos, Todos brocados fúlgidos, hieráticos, Em ti andam bailando os meus sentidos...
E os meus olhos serenos, enigmáticos Meninos que na estrada andam perdidos, Dolorosos, tristíssimos, extáticos, São letras de poemas nunca lidos...
As magnólias abertas dos meus dedos São mistérios, são filtros, são enredos Que pecados d´amor trazem de rastros...
E a minha boca, a rútila manhã, Na Via Láctea, lírica, pagã, A rir desfolha as pétalas dos astros!..
Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"
Poema
Joaquim Maria Machado de AssisBrasil1839 // 1908Escritor
Última FolhaMusa, desce do alto da montanha Onde aspiraste o aroma da poesia, E deixa ao eco dos sagrados ermos A última harmonia.
Dos teus cabelos de ouro, que beijavam Na amena tarde as virações perdidas, Deixa cair ao chão as alvas rosas E as alvas margaridas.
Vês? Não é noite, não, este ar sombrio Que nos esconde o céu. Inda no poente Não quebra os raios pálidos e frios O sol resplandecente.
Vês? Lá ao fundo o vale árido e seco Abre-se, como um leito mortuário; Espera-te o silêncio da planície, Como um frio sudário.
Desce. Virá um dia em que mais bela, Mais alegre, mais cheia de harmonias, Voltes a procurar a voz cadente Dos teus primeiros dias.
Então coroarás a ingênua fronte Das flores da manhã, — e ao monte agreste, Como a noiva fantástica dos ermos, Irás, musa celeste!
Então, nas horas solenes Em que o místico himeneu Une em abraço divino Verde a terra, azul o céu;
Quando, já finda a tormenta Que a natureza enlutou, Bafeja a brisa suave Cedros que o vento abalou;
E o rio, a árvore e o campo, A areia, a face do mar, Parecem, como um concerto, Palpitar, sorrir, orar;
Então sim, alma de poeta, Nos teus sonhos cantarás A glória da natureza, A ventura, o amor e a paz!
Ah! mas então será mais alto ainda; Lá onde a alma do vate Possa escutar os anjos,
E onde não chegue o vão rumor dos homens;
Lá onde, abrindo as asas ambiciosas, Possa adejar no espaço luminoso, Viver de luz mais viva e de ar mais puro, Fartar-se do infinito!
Musa, desce do alto da montanha Onde aspiraste o aroma da poesia, E deixa ao eco dos sagrados ermos A última harmonia!
"Quando escolhi ser "Evita" sei que escolhi o caminho do meu povo. Agora, a quatro anos daquela eleição, fica fácil demonstrar que efetivamente foi assim. Ninguém senão o povo me chama de "Evita". Somente aprenderam a me chamar assim os "descamisados". Os homens do governo, os dirigentes políticos, os embaixadores, os homens de empresa, profissionais, intelectuais, etc., que me visitam costumam me chamar de "Senhora"; e alguns inclusive me chamam publicamente de "Excelentíssima ou Digníssima Senhora" e ainda, às vezes, "Senhora Presidenta". Eles não vêem em mim mais do que a Eva Perón. Os descamisados, no entanto, só me conhecem como "Evita". Eu me apresentei assim pra eles, por outra parte, no dia em que saí ao encontro dos humildes da minha terra dizendo-lhes que preferia ser a "Evita" a ser a esposa do Presidente se esse "Evita" servia para mitigar alguma dor ou enxugar uma lágrima. E, coisa estranha, se os homens do governo, os dirigentes, os políticos, os embaixadores, os que me chamam de "Senhora" me chamassem de "Evita" eu acharia talvez tão estranho e fora de lugar como que se um garoto, um operário ou uma pessoa humilde do povo me chamasse de "Senhora". Mas creio que eles próprios achariam ainda mais estranho e ineficaz. Agora se me perguntassem o que é que eu prefiro, minha resposta não demoraria em sair de mim: gosto mais do meu nome de povo. Quando um garoto me chama de "Evita" me sinto mãe de todos os garotos e de todos os fracos e humildes da minha terra. Quando um operário me chama de "Evita" me sinto com orgulho "companheira" de todos os homens."[5]
AMOR INCONDICIONAL Leve, suave, profundo, e incontestável Mui diferente dentre todos os mortais Na sublimidade desse aspecto, jamais... Excelente é o Amor de Jesus... iniqualável! 2 Na pior das hipóteses no suplicio infernal Na sevícia da alma de um ser dilacerado Na aflição da culpa que se acuse o mortal O indelével amor de Cristo, aniquila o pecado! 3 Tão somente em seu intimo haja arrependimento E esse deplorável ser ao seu Senhor se incline O insondável e grande amor aceita seu intento 4 Usando de piedade ao converso e ontem mal Abraçando essa alma clemente Ele a redime Perdoa sua falta..com amor incondicional!
Realidade Por causa de um livro
vieste ao meu encontro.
Era Verão, não sabias de nada
nem isso interessava. Palavras
amavam-se fora de ti,
no atropelo das emoções.
Lá chegaria a primeira vez,
o encontro apressado num lugar
público. Desfeito o erro
ao toque da pele, não sei
se havia medo, a paixão queria-me
no lugar exacto do teu coração.
Palavras enrolam-se na sombra
da vida a dor do sentimento.
Atingido o espírito, o tempo
da infância, a realidade. Em ti
a solidão que o prazer
não mata. Quero a beleza
dos versos revelada.
Alguns anos passaram sobre
a nossa história que não acabou.
A tarde envelhece e escrevo isto
sem saber porquê.
Laura, onde vais? Sozinha a tais desoras
O vento há de gelar-te a branca pele.
Como tremes convulsa, e que sorriso!
Que chamas teu olhar ardente expele!
Laura, onde vais! Os pés nus, delicados,
Não maltrates nos seixos orvalhados.
Mulher, a quem procuras a estas horas?
Donzela, porque sais tão alta noite?
Não vês como aparecem mil fantasmas?
Não sentes da geada o frio açoite?
E das aves da noite o triste pio
Não faz por ti correr um calafrio? ...
E ela seguia muda e taciturna,
Nas rochas machucando o pé divino.
Parecia sonâmbula perdida,
Autômato a seguir o seu destino.
Arfava o peito em ânsias ofegante,
Seu olhar era fixo e fascinante.
E seguia... e seguia... e nem ao menos
Parava um só momento no caminho;
Não sentia rasgarem-se-lhe as vestes
De incultos ervaçais no duro espinho.
O gênio da vingança é que a impelia...
Como o Judeu errante ela seguia...
A Tua Voz de Primavera Manto de seda azul, o céu reflete
Quanta alegria na minha alma vai!
Tenho os meus lábios úmidos: tomai
A flor e o mel que a vida nos promete!
Sinfonia de luz meu corpo não repete
O ritmo e a cor dum mesmo desejo... olhai!
Iguala o sol que sempre às ondas cai,
Sem que a visão dos poentes se complete!
Meus pequeninos seios cor-de-rosa,
Se os roça ou prende a tua mão nervosa,
Têm a firmeza elástica dos gamos...
Para os teus beijos, sensual, flori!
E amendoeira em flor, só ofereço os ramos,
Só me exalto e sou linda para ti!
O que é preciso é entender a solidão!
O que é preciso é aceitar, mesmo, a onda amarga
que leva os mortos.
O que é preciso é esperar pela estrela
que ainda não está completa.
O que é preciso é que os olhos sejam cristal sem névoa,
e os lábios de ouro puro.
O que é preciso é que a alma vá e venha;
e ouça a notícia do tempo,
e. entre os assombros da vida e da morte,
estenda suas diáfanas asas,
isenta por igual.
de desejo e de desespero.
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite nocalendário, nem possua jardim para recebê-la.
A inclinação do sol vaimarcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturaisque ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para aprimavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundoconfidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumese a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur.
Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar asárias tradicionais de sua nação.
Pequenas borboletas brancas e amarelasapressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que nãose entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando asamendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procurampelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertasde folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma deusa chega,coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregadosde flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e aterra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homensterão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentesdeste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outroscom outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouviremnão terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção aosussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul.
Escutemosestas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que aindaconservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos osmanacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cadacoroa vermelha que desdobra.
Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suasroupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.
"Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje. Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo. Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus. Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim." (Charles Chaplin)
Não me perguntem quantos anos tenho; e sim, quantas cartas mandei e recebi. e mais jovem, se mais velho... o que importa, se ainda sou um fervilhar de sonhos, se não carrego o fardo da esperança mortal!
Não me perguntem quantos anos tenho; e sim, quantos beijos troquei! - Beijos de amor! Se a juventude em mim ainda é festa, se aproveito de tudo a cada instante se eu bebo da taça gota a gota... Ora! Então pouco se me dá que gota resta!
Não me perguntem quantos anos eu tenho mas... queiram saber de mim se criei filhos queiram saber de mim que obras eu fiz, queiram saber de mim que amigos tenho e se alguém, pude eu, tornar feliz.
Não me perguntem quantos anos tenho mas.. queiram saber de mim que livros li, queiram saber de mim poe onde andei, queiram saber de mim quantas histórias, quantos versos ouvi, quantos cantei.
E assim, somente assim, todos vocês, por mais brancos os meus cabelos, por mais rugas no meu rosto, terão vontade de chamar-se:
Oi!!MOÇO!!
E ao me verem passar aqui...ali... não saberão ao certo a minha idade, mas saberão, por certo, que eu vivi!
Para realizar grandes conquistas, devemos não apenas agir, mas também sonhar; não apenas planejar, mas também acreditar.
A ROSA vermelha
Semelha
Beleza de moça vaidosa, indiscreta.
As rosas são virgens
Que em doudas vertigens
Palpitam,
Se agitam
E murcham das salas na febre inquieta.
Mas ai! Quem não sonha num trêmulo anseio
Prendê-las no seio
Saudoso o Poeta.
Camélias fulgentes,
Nitentes,
Bem como o alabastro de estátua quieta...
Primor... sem aroma!
Partida redoma!
Tesouro
Sem ouro!
Que valem sorrisos em boca indiscreta?
Perdida! Não sonha num tremulo anseio
Prender-te no seio
Saudoso o Poeta
Bem longe da festa
Modesta
Prodígios de aroma guardando discreta
Existe da sombra,
Na lânguida alfombra,
Medrosa,
Mimosa,
Dos anjos errantes a flor predileta
Silêncio! Consintam que em trêmulo anseio
Prendendo-a no seio
Suspire o Poeta.
Ó Filha dos ermos
Sem temos!
O casta, suave, serena Violeta
Tu és entre as flores
A flor dos amores
Que em magos
Afagos
Acalma os martírios de uma alma inquieta.
Por isso é que sonha num trêmulo anseio,
Prender-te no seio
Saudoso o Poeta! ...
Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância,
eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E, então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome...
Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que a minha angústia, meu
sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra
as minhas verdades.
Hoje sei que isso é... Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse
diferentee comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar
forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo,
mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada,
inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo que não fosse
saudável ... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo.
De início, minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama...
Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer meu tempo livre e desisti
de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer ter sempre razão e, com
isso, errei muito menos vezes.
Hoje descobri a...
Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de
me preocupar com o Futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é...
Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode me
atormentar e me decepcionar. Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é....
Saber viver!!!
AS DUAS FLORES
São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo,no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.
Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.
Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.
Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!
Castro Alves
Gente , este video, é muito lindo, nós que somos eternos apaixonados, é só você substituir , o nome da Jackeline, pelo nome da pessoa que você ama, e aí, você vai viajar!
É Preciso Restaurar o Homem
A minha civilização repousa sobre o culto do Homem através dos indivíduos. Teve o desígnio, durante séculos, de mostrar o Homem, assim como ensinou a distinguir uma catedral através das pedras. Pregou esse Homem que dominava o indivíduo... Porque o Homem da minha civilização não se define através dos homens. São os homens que se definem através dele. Há nele, como em todo o Ser, qualquer coisa que os materiais que o compõem não explicam. Uma catedral é uma coisa muito diferente de uma soma de pedras. É geometria e arquitectura. Não são as pedras que a definem, é ela que enriquece as pedras com o seu próprio significado. Essas pedras ficam enobrecidas por serem pedras de uma catedral. As pedras mais diversas servem a sua unidade. A catedral as absorve, até às gárgulas mais horrendas, no seu cântico. Mas, pouco a pouco, esqueci a minha verdade. Julguei que o Homem resumia os homens, tal como a Pedra resume as pedras. Confundi catedral e soma de pedras, e, pouco a pouco, a herança desvaneceu-se. É preciso restaurar o Homem. Ele é a essência da minha cultura. Ele é a chave da minha Comunidade. Ele é o princípio da minha vitória.
Antoine de Saint-Exupéry, in 'Piloto de Guerra'
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O Crime da Palavra
Nenhum código, nenhuma instituição humana pode prevenir o crime moral que mata com uma palavra. Nisso consta a falha das justiças sociais; aí está a diferença que há entre os costumes da sociedade e os do povo; um é franco, outro é hipócrita; a um, a faca, à outra, o veneno da linguagem ou das ideias; a um a morte, à outra a impunidade.
Honoré de Balzac, in "O Contrato de Casamento"